"Como escolher um Arco" parte I, por Giovanni Lucchi*
Introdução
Muitos são os musicos que, tendo de comprar um arco, procuram um revendedor buscando um arco de algum autor de bom nome convencidos que isso seja uma garantia de boa qualidade.
Infelizmente isso não é sempre verdade; a boa qualidade de um arco depende ao final da profissionalidade do construtor na escolha da madeira e da sua técnica de trabalho. Porém, ao contrário dos instrumentos de corda, o contínuo utilizo do um arco determina com o tempo o deterioramento das fibras de sua baqueta fazendo com que perca gradualmente suas qualidades iniciais.
Com o tempo, entre outras coisas, o arco passa na mão de muitos restauradores mais ou menos qualificados, que terminam por modificar até bastante suas características originais. Acontece, por exemplo, que alguns desses restauradores para dar brilho à baqueta usam, entre outras substâncias nocivas, certos óleos que se por um lado dão luminosidade à madeira, por outro tiram um pouco de sua elasticidade, destruindo a fibra.
O arco assim tratado terá com o tempo cada vez menor resposta, menor resistência e perderá sua característica sonora inicial. Terá, além do que, uma falsa flexibilidade com uma produção de harmônicos menor daquela precedente e por isso e um som fechado que dificilmente se propaga para longe de quem o toca.
Cor da Madeira
A cor do pau-brasil (ou pernambuco) vai do amarelo a um marrom escuro, cor que com o tempo escurece devido à oxidação natural. Um bom archetier sabe que a beleza da madeira, ou seja as cores, o desenho de suas fibras e o brilho não são sempre garantias da qualidade da madeira e por consequência do arco. Existem 7 variedades botânicas do Pau-Brasil conhecidas, todas podendo produzir arcos de diferentes qualidades. Nem mesmo a cor pode garantir a boa qualidade da baqueta: depois de tantos anos de experiência posso afirmar que tanto na cor amarela quanto na marrom escura, é possível encontrar ótimo material elástico ou com pouca elasticidade.
Como experimentar um arco
Aderência do arco sobre a corda
Não é absolutamente necessário experimentar o arco em um concerto para conferir suas qualidades, basta prestar atenção a alguns pontos.
1-Tocar em pianíssimo
2-Na ponta (últimos 4 cm)
3-Corda solta (prestando atencão à partida da vibração da nota)
4-Quarta corda (a mais difícil de botar em vibração)
5-Perto do cavalete (somente os arcos com ótimo material podem obter bons resultados nessa região)
Geralmente se pensa que um arco com a ponta mais pesada dê mais aderência na ponta.. Isso é absolutamente errado: existem arcos levíssimos na ponta que possuem uma aderência maravilhosa assim como aquele bem pesados na ponta com pouca aderência.
Quando experimentamos um arco em todas as suas regiões, observamos que no talão o contato é bastante fácil de obter, pois a posição é bem próxima à mão. Por isso quando nos afastamos do talão sentimos melhor as características do arco: mais ou menos no centro notamos a qualidade da madeira, a conicidade da baqueta e o tipo de curva, então aí teremos o resultado final da união desses componentes.
Chegando à ponta, esses componentes se fazem ainda mais importantes: este é o ponto crítico onde se vê o máximo esforço da baqueta. Por isso se nela existem imperfeições essas se tronam mais evidentes que em outras partes do arco.
Experimentando concomitantemente os 5 pontos acima citados, não há necessidade de escutar a qualidade sonora emitida, mas sim a aderência sobre a corda. Somente um arco com boa qualidade de madeira, uma boa curva perfeita, espessuras corretas e boa qualidade de crinas poderá ter uma melhor aderência.
Com esse pequeno procedimento, o músico será capaz de realmente saber se o arco poderá responder a elevadas exigências técnicas e sonoras necessárias para a sua performance. Pois ao final é a boa aderência que determina se um arco será capaz de ter um emissão ideal, incisiva mas expansiva ao mesmo tempo.
O trinado
Outro teste bastante significativo para verificar a qualidade do material e a aderência do arco é a execução de trinados. Cada vez que se muda de nota dentro de um trinado, o arco deve retomar a aderência, não deixando atrasar a mudança de vibração, e isso demonstrará o quão elástica é a madeira para se adaptar rapidamente a diferentes batimentos e vibrações.
*Giovanni Lucchi é considerado a maior referência na Itália em matéria de arcos tendo construído para grandes artistas como Mstislav Rostropovich, Pinchas Zuckerman, Gary Karr, entre outros. Mais informações em http://www.lucchicremona.com/ .
Muitos são os musicos que, tendo de comprar um arco, procuram um revendedor buscando um arco de algum autor de bom nome convencidos que isso seja uma garantia de boa qualidade.
Infelizmente isso não é sempre verdade; a boa qualidade de um arco depende ao final da profissionalidade do construtor na escolha da madeira e da sua técnica de trabalho. Porém, ao contrário dos instrumentos de corda, o contínuo utilizo do um arco determina com o tempo o deterioramento das fibras de sua baqueta fazendo com que perca gradualmente suas qualidades iniciais.
Com o tempo, entre outras coisas, o arco passa na mão de muitos restauradores mais ou menos qualificados, que terminam por modificar até bastante suas características originais. Acontece, por exemplo, que alguns desses restauradores para dar brilho à baqueta usam, entre outras substâncias nocivas, certos óleos que se por um lado dão luminosidade à madeira, por outro tiram um pouco de sua elasticidade, destruindo a fibra.
O arco assim tratado terá com o tempo cada vez menor resposta, menor resistência e perderá sua característica sonora inicial. Terá, além do que, uma falsa flexibilidade com uma produção de harmônicos menor daquela precedente e por isso e um som fechado que dificilmente se propaga para longe de quem o toca.
Cor da Madeira
A cor do pau-brasil (ou pernambuco) vai do amarelo a um marrom escuro, cor que com o tempo escurece devido à oxidação natural. Um bom archetier sabe que a beleza da madeira, ou seja as cores, o desenho de suas fibras e o brilho não são sempre garantias da qualidade da madeira e por consequência do arco. Existem 7 variedades botânicas do Pau-Brasil conhecidas, todas podendo produzir arcos de diferentes qualidades. Nem mesmo a cor pode garantir a boa qualidade da baqueta: depois de tantos anos de experiência posso afirmar que tanto na cor amarela quanto na marrom escura, é possível encontrar ótimo material elástico ou com pouca elasticidade.
Como experimentar um arco
Aderência do arco sobre a corda
Não é absolutamente necessário experimentar o arco em um concerto para conferir suas qualidades, basta prestar atenção a alguns pontos.
1-Tocar em pianíssimo
2-Na ponta (últimos 4 cm)
3-Corda solta (prestando atencão à partida da vibração da nota)
4-Quarta corda (a mais difícil de botar em vibração)
5-Perto do cavalete (somente os arcos com ótimo material podem obter bons resultados nessa região)
Geralmente se pensa que um arco com a ponta mais pesada dê mais aderência na ponta.. Isso é absolutamente errado: existem arcos levíssimos na ponta que possuem uma aderência maravilhosa assim como aquele bem pesados na ponta com pouca aderência.
Quando experimentamos um arco em todas as suas regiões, observamos que no talão o contato é bastante fácil de obter, pois a posição é bem próxima à mão. Por isso quando nos afastamos do talão sentimos melhor as características do arco: mais ou menos no centro notamos a qualidade da madeira, a conicidade da baqueta e o tipo de curva, então aí teremos o resultado final da união desses componentes.
Chegando à ponta, esses componentes se fazem ainda mais importantes: este é o ponto crítico onde se vê o máximo esforço da baqueta. Por isso se nela existem imperfeições essas se tronam mais evidentes que em outras partes do arco.
Experimentando concomitantemente os 5 pontos acima citados, não há necessidade de escutar a qualidade sonora emitida, mas sim a aderência sobre a corda. Somente um arco com boa qualidade de madeira, uma boa curva perfeita, espessuras corretas e boa qualidade de crinas poderá ter uma melhor aderência.
Com esse pequeno procedimento, o músico será capaz de realmente saber se o arco poderá responder a elevadas exigências técnicas e sonoras necessárias para a sua performance. Pois ao final é a boa aderência que determina se um arco será capaz de ter um emissão ideal, incisiva mas expansiva ao mesmo tempo.
O trinado
Outro teste bastante significativo para verificar a qualidade do material e a aderência do arco é a execução de trinados. Cada vez que se muda de nota dentro de um trinado, o arco deve retomar a aderência, não deixando atrasar a mudança de vibração, e isso demonstrará o quão elástica é a madeira para se adaptar rapidamente a diferentes batimentos e vibrações.
*Giovanni Lucchi é considerado a maior referência na Itália em matéria de arcos tendo construído para grandes artistas como Mstislav Rostropovich, Pinchas Zuckerman, Gary Karr, entre outros. Mais informações em http://www.lucchicremona.com/ .
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