segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O Contra Baixo e Seus Caminhos no Jazz

O contrabaixista é considerado, pela maior parte do público, ainda que inconscientemente, como sendo “aquele sujeito lá no fundo do palco”. Simpático, porém secundário. Muitos contrabaixistas já se queixaram dessa idéia pré-concebida. E, de fato, essa imagem está bastante longe da realidade no jazz moderno. Como veremos, o papel do contrabaixo é bem mais complexo.
Nos primórdios do jazz a função de executar a voz grave da trama harmônica e polifônica era executada por um instrumento de sopro: a tuba. Essa tradição permaneceu por algum tempo, mesmo após a emergência do contrabaixo; até meados dos anos 30 ainda havia contrabaixistas que tocavam também a tuba.
O fato de, diferentemente do que acontece na música clássica, o contrabaixo ser sistematicamente tocado no jazz em pizzicato(isto é, dedilhado, quando na realidade o instrumento foi concebido originalmente para ser tocado com arco) tem uma origem histórica documentada. Certo dia, em 1911, Bill Johnson, que tocava contrabaixo (com arco) na Original Creole Jazz Band, teve o arco quebrado. Não tendo outro à mão, Bill tratou de tocar dedilhando as cordas com os dedos da mão direita. O resultado agradou tanto que desde então (quase) nunca mais se usou o arco para tocar esse instrumento. Na verdade, é provável que, mais cedo ou mais tarde, o contrabaixo começasse a ser tocado com os dedos - isso por causa da função estrutural que ele executa dentro do conjunto de jazz. E aqui, existem dois aspectos que merecem ser discutidos.
Primeiro, e mais óbvio, o contrabaixo tem a função de fornecer a base harmônica da música. Na harmonia tonal, é preciso que um instrumento se encarregue de fornecer a nota fundamental dos acordes. Nesse sentido, o contrabaixo do conjunto de jazz preenche uma função análoga à que desempenha na orquestra ocidental clássica. Sob esse aspecto, portanto, o contrabaixo poderia ser tocado com arco. Mas, em segundo lugar - e este é um aspecto próprio ao jazz - o contrabaixo está incumbido deescandir, isto é, subdividir, o ritmo básico. Isso reduz a trivialidade da batida (beat) simples, embora seja importante que o beat continue perceptível, pelo menos implicitamente. Para isso, em vez de simplesmente emitir as notas fundamentais dos acordes nos momentos exatos, o contrabaixo descreve um fraseado contínuo, caprichoso, com subidas, descidas e saltos, sempre orbitando os centros tonais da música. Essa pulsação às vezes lembra o caminhar relaxado de uma pessoa, daí o termowalking bass. Para executar essa função, o contrabaixo dedilhado é infinitamente mais adequado do que o contrabaixo tocado com arco. Na verdade, o contrabaixo tem um papel importantíssimo no estabelecimento do swing da música, tanto quanto a bateria. Ele contribui para a maleabilidade, a elasticidade rítmica que caracteriza o swing.
Assim como a guitarra jazzística moderna se inicia com Charlie Christian, o contrabaixo se inicia com Jimmy Blanton, que tocou com Duke Ellington e faleceu aos 23 anos. A “segunda geração” de contrabaixistas (anos 40 e 50) inclui os instrumentistas que consolidaram o lugar do instrumento entro do jazz moderno:Oscar PettifordRay Brown, Milt Hinton (apelidado “The Judge”, o juiz) e o genial e turbulento Charles Mingus. Além da profunda renovação estética proposta por Mingus, com ele o contrabaixo torna-se um instrumento capaz assumir o primeiro plano, liderar conjuntos e guiar o discurso musical de um grupo. Outros contrabaixistas importantes dessa geração foram Percy Heath (integrante do Modern Jazz Quartet), Eddie Safranski (associado ao jazz West Coast) e Paul Chambers (que tocou no grupo deMiles Davis nos anos 50).
Atuando com destaque nos anos 60 temos, entre muitos outros, Jimmy Garrison (do quarteto de John Coltrane), Reggie Workman (que também tocou com John Coltrane), Scott LaFaro (que tocou com Bill Evans e foi imensamente influente, apesar de ter morrido jovem), David Izenzon (que tocou com Ornette Coleman) e Niels-Henning Orsted Pedersen. Entre os músicos que despontaram nos anos 60 encontramos vários que ainda estão muito ativos na cena jazzística atual: Charlie Haden (que participou da criação do free jazz), Ron Carter (que tocou no grupo de Miles Davis de 1963 a 1968 e participou de cerca de 3000 gravações durante a carreira), Dave Holland (descoberto porMiles Davis na época de In a Silent Way e Bitches Brew), Gary Peacock (integrante do Standards Trio de Keith Jarrett), Eddie Gomez (que tocou com Bill Evans e Chick Corea na fase maismainstream deste) e Steve Swallow (que tocou com Gary Burtone teve uma associação estreita com Carla Bley).
Nos anos 70, despontam instrumentistas que estariam associados ao jazz fusion, como Stanley Clarke, Alphonso Johnson e Miroslav Vitous. Na era da fusion, começou a predominar o contrabaixo elétrico, mas isso não impediu que houvesse músicos capazes de executar bem tanto o instrumento acústico (chamado carinhosamente de upright, o “verticalzão”) quanto o elétrico. Um exemplo destacado de virtuosismo a toda prova, tanto no registro “plugado” como no “desplugado”, é John Patitucci, que surgiu nos anos 80 e tocou na Elektric Band e naAkoustic Band de Chick Corea. Na atualidade também estão surgindo excelentes contrabaixistas jovens, como Christian McBride, que aderem decididamente ao acústico e não pertecem à fusion, mas nem por isso deixam de fazer um jazz moderno.
Em entrevista a Don Williamson, no ano de 2000, para um website de jazz, o contrabaixista Ron Carter afirma: “Penso que meu trabalho é encontrar a nota que fará o solista não tocar o que que ele tocaria na sua sala de estar. Ou então, eu gosto de criar um ritmo que fará a banda tomar uma direção diferente. É isso o que eu gosto de fazer”. O entrevistador intervém: “Você já disse que o baixo é o ponto focal de um grupo”. Ao que Carter responde: “Sim, o baixista age como o quarterback”. Quando o entrevistador provoca: “Porém o baixo está usualmente nobackground...”, Carter responde: “Sim, mas se o baixista consegue saber como comandar, ele fica no fundo apenas na percepção das pessoas. A música toma a direção que o baixista estipula. Isso é que é realmente importante”. Eis aí uma verdadeira “declaração de independência” do contrabaixo moderno no jazz, por um de seus maiores expoentes. As coisas mudaram muito desde o “umpa-pá” da tuba no início do século...

(V.A. Bezerra, 2001)


Fonte:www.ejazz.com.br

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Faça você mesmo seu violoncelo

O luthier John Kovak dá instruções detalhadas para se criar um violoncelo caseiro barato em seu livro "PVC Musical Instruments and How to Build Them" (Instrumentos musicais de PVC e como fazê-los). Kovak recomenda um tubo de PVC, porque muitas lojas de ferramenta ou de encanamento vendem cloreto de polivinila, ou PVC, em uma variedade de formas e tamanhos por preços muito acessíveis.

Instruções

  1. 1
    Marque os locais para os furos para corda na borda inclinada do redutor de acoplamento de PVC de 4x2 polegadas. Use os modelos de John Kovak ou improvise o seu próprio modelo marcando 4 pontos com cerca de 1,2 cm de distância um do outro ao longo da superfície curva do redutor de acoplamento com um furador. Esta linha de furos deve ficar aproximadamente 1,2 cm a partir da porção de 5 cm de diâmetro do acoplamento. Fure o quarto buraco (ou corda "C") mais à esquerda com a broca de 1/8 polegada. Faça o terceiro furo (ou corda "G"), com uma broca de 7/64 polegada. Faça o segundo furo (ou corda "D"), e no primeiro espaço faça outro furo (ou corda "A") com uma broca de 5/64 polegada. Perfure esses buracos em um ângulo apontando para baixo para evitar que a corda quebre.
  2. 2
    Use um furador para marcar as posições dos conjuntos de tarrachas para destros e canhotos no tubo de PVC de 80 cm de comprimento e de diâmetro de 2 polegadas. As tarraxas das cordas "G" e "C" devem estar à aproximadamente 5 cm centímetros a partir do topo do tubo, e a cerca de 7,6 cm uma da outra. A tarracha da corda "C" fica alinhada verticalmente com a "G" por volta de 3,8 cm mais baixa e a corda "A" encontra-se abaixo da "D". Na parte de trás do tubo de PVC de 80cm, marque um orifício de acesso com diâmetro de 3 cm. Faça os furos para cada tarracha com uma broca de 1/4 polegada. Insira os conjuntos de tarrachas e prenda com apenas um parafuso. Use uma broca de 1,5 ou 2 polegadas o suficiente apenas para fazer o furo de acesso para corda na parte de trás do tubo.
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    Faça acabamento no tubo de PVC de 7,6 cm de comprimento com 1/2 polegada de diâmetro utilizando um pé de borracha para criar um ponto de apoio à prova de deslizes para o violoncelo ser equilibrado durante seu uso. Insira com um martelo o acoplamento redutor de 2 x 1/2 polegada na extremidade correspondente do acoplamento redutor de 4 x 2 polegadas, então insira o pino do pé de borracha na abertura do acoplamento redutor de 2 x 1/2 polegada. Prenda a extremidade aberta desta peça, agora completa, no fundo do ressonador do violoncelo, que é o tubo de PVC com 42 cm comprimento com diâmetro de 4 polegadas. Marque os quatro furos das cordas em uma linha reta, cerca de 8,8 centímetros do topo aberto do ressonador. Deixe cerca de 3/4 polegadas entre as quatro cordas. Faça o furo para quarta corda, mais à esquerda, com uma broca de 1/8 polegada. Use uma broca de 7/64 polegada para a terceira corda, e uma broca de 5/64 polegada para os duas cordas mais altas e mais à direita. Coloque o acoplamento redutor de 4x2 polegadas previamente perfurado na abertura do ressonador. Alinhe os furos nas duas partes.
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    Insira o braço do violoncelo no ressonador instalando o tubo de PVC 80 cm com as tarrachas na extremidade aberta do acoplamento redutor. Alinhe os furos de corda em todas as peças. Use uma pinça para inserir as cordas através do orifício de acesso na parte de trás do dispositivo de ressonador. Estique as cordas nas tarrachas correlatas. Gire as duas cordas mais baixas no sentido anti-horário e as duas mais altas no sentido horário. Separe um tempo para afiná-las lentamente.

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